Ações de acolhimento que podem apoiar os gestores escolares na retomada das aulas presenciais
Atualizado: 29 de Jun de 2020

Para Carlos Sandoval, especialista em liderança escolar da Universidade Diego Portales (Chile), o período de isolamento social e afastamento das aulas presenciais causou impactos significativos nos aspectos cognitivos, emocionais e fisiológicos dos estudantes, assim como
afetou drasticamente os hábitos cotidianos de professores e demais funcionários. A sobreposição de funções familiares e de trabalho que ocorreu repentinamente na rotina dos profissionais da escola tem sido um grande desafio na busca por uma nova forma de organização e de equilíbrio.
O especialista defende que os gestores têm um papel estratégico e fundamental em ajudar professores e demais funcionários da escola no processo de recuperação frente aos níveis de estresse que possam ter vivenciado durante o isolamento social. Dessa forma, tendem a atuar de maneira preventiva em relação a quadros mais complexos que possam ocorrer, como o surgimento de transtornos mentais.
Neste sentido, o Professor Carlos Sandoval indica 4 passos de acolhimento em situações de estresse agudo. São eles:
01. Acalmar:
- Retomar a "normalidade" de forma gradual, com expectativas reais, sem acelerar processos;
- Permitir que as pessoas possam ter espaço para refletir e “respirar”, tomando cuidado para que não se criem estressores desnecessários, como prazos apertados;
- Transmitir objetivos concretos e alcançáveis, deixando claro quais são as prioridades mais ou menos importantes para aquele momento;
- Ater-se ao horário de trabalho de cada professor ou funcionário, sem solicitar por extrapolações, como chegar mais cedo, ou trabalhar além do que está pré-estabelecido. Isso é importante porque durante o isolamento social muitas pessoas passaram a sentir que estavam trabalhando "o tempo todo" ou "mais que o normal", passando a se sentir sobrecarregadas;
- Aumentar os gestos de boa convivência no ambiente escolar, como cumprimentos e reconhecimento pelo trabalho. Aumentar as experiências positivas nos dias das pessoas ajudará a reduzir os níveis de estresse.
02. Informar:
- Na medida do possível, prover informações confiáveis e objetivas que emitam com que os professores compreendam com clareza o cenário da pandemia e saibam o que esperar da nova situação;
- Levantar as principais dúvidas e inquietações da equipe;
- Passar em todas as salas de aula para dar informações aos alunos;
- Não criar expectativas que possam não acontecer aos alunos. Por exemplo, que os jogos de futebol serão retomados em breve;
- Caso haja a possibilidade, informar quais são as redes de apoio que estarão disponíveis para ajudar a enfrentar essa situação.
03. Normalizar:
- Ajudar na retomada da vida cotidiana;
- Acolher as emoções complexas e diversas - como medo e raiva - que foram vividas por cada um nesse período. As crianças nem sempre conseguem verbalizar o que estão sentindo, portanto é importante ajudá-las a nomear seus sentimentos e pontuar, de forma sensível, comportamentos que não são adequados;
- Manter horários e rituais que ajudem na organização da rotina na escola;
- promover momentos para que professores e alunos possam lidar com suas emoções, seja por rodas de conversa ou atividades artísticas.
04. Acompanhar:
- Facilitar com que as pessoas expressem o que viveram, como estão se sentindo e o que pensam do cenário da pandemia. Isso pode ser feito em momentos grupais de rodas de conversa;
- Promover conversas breves de compartilhamento e legitimação dos sentimentos: começar e terminar o dia com um momento de breve reunião entre os professores, para que assim possam dizer como estão chegando naquele dia e pontuar aprendizados, dificuldades e novas ideias ao final do período;
- Estar próximo dos professores nesse momento, atentando-se aos que necessitam de maior auxílio.
Há uma frase muito difundida nas redes sociais que se aplica bem a esta necessidade: cuidar de quem cuida.
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